Grande participação da EPF nas Comemorações do 44º Aniversário do 25 de Abril que decorreram no Auditório da Santa Casa da Misericórdia de Alpedrinha com o discurso da nossa aluna Ana Rita Fernandes.
Minhas
Senhoras e Meus Senhores
Viva o 25 de abril.
Viva a
liberdade, viva a cidadania, viva a dignidade
Desde os
primórdios da humanidade o Homem sempre se interrogou sobre o sentido da sua
criação, da sua relação com os outros e da sua relação com a realidade
circundante.
Este estado
de inquietação explicado em grande medida, pela expressão modular de São Tomás
de Aquino de que “o Homem é o que mais perfeito há na natureza” apenas assume
sentido perante um exercício de uma cidadania livre.
Assente em diferentes
experiências resultantes de múltiplas interações a liberdade surge como um
instrumento ao serviço de si própria. Operacionaliza-se num exercício
construtivo de participação conjunta constituinte de um qualquer pilar basilar da
sociedade que reconhece os outros como pessoas. Que abraça gestos de paz, de
igualdade, de respeito. A Liberdade é Solidária.
De forma individual
ou coletiva,
Em
liberdade impõe-se que cada um não se alheie dos outros.
De forma
individual ou coletiva,
Em
liberdade impõe-se que se contrarie a inércia, a passividade e a indiferença.
De forma
individual ou coletiva,
Em
liberdade impõe-se um ambiente de parceria, de laços, de confiança.
Enfim, se
promova um permanente 25 de abril fundado na dignidade e solidariedade. Que
sejam a dignidade e a solidariedade as forças aglutinadoras dos homens e
consequentemente das comunidades.
Assim, assumir-se-á
uma cidadania que não se resume só a uma fonte de privilégios, muitas das vezes
consignados a grupos restritos de indivíduos, mas que seja o fundamento de uma
democracia alicerçada em obrigações cívicas.
Aristóteles,
dois séculos e meio antes de Cristo e numa sociedade por todos conhecida,
identificou uma ideia muito importante que ainda hoje é válida: Só nas
democracias há verdadeiros cidadãos.
Reconhecer
os deveres de cidadania é construir um país civilizado.
Entristece-me
que, no meu livre país, permanentemente seja notícia a fuga aos impostos, a
corrupção, a criminalidade, até mesmo as retenções escolares e o abstencionismo
eleitoral. Estes e muitos mais são elementos que contribuem decisivamente para
um amplo défice de democracia quer seja pela interpretação da incapacidade das
entidades competentes na correção de cada situação, quer seja pela resignação
que se interioriza nos restantes membros da comunidade, sob o lema de que “Sempre
foi assim. São todos iguais. Deixa lá”.
Se este
sentimento se torna amargo sob o ponto de vista de uma cidadania nacional, que
sentir quando o Tratado Maastricht nos reconhece oficialmente a cidadania europeia?
Neste espaço a xenofobia e a intolerância avançam e reinstalam-se. Preocupo-me.
E que
sentimento ter perante uma oficiosa, fluida e indefinida, cidadania mundial?
Neste plano os ciber ataques e o pânico nuclear a par da prepotência de alguns
líderes políticos colocam o efeito de cidadania subjugado ao medo. Temo o
futuro.
Perante
toda esta complexidade sociológica o que fazer? Apenas cruzar os braços! Não.
Deveremos
assumir a dignidade e a solidariedade como forças propulsoras de uma liberdade
construtiva, capaz de fazer florescer formas de cooperação entre os membros da
comunidade e entre as próprias comunidades. Cada um, por mais micro que seja o
seu espaço de intervenção, deve exercer com sentido de responsabilidade a sua
cidadania. Proceder-se-á, assim, à construção da igualdade no respeito pela
diferença.
Há sempre um mundo novo a surgir, a erguer a
sua força e a tentar impor-se ao mundo antigo, que não quer abrir os olhos às
realidades que o desafiam. Das duas uma: ou se se fecha em si próprio e morre
ou adapta-se, estabelece parcerias, fomenta redes, sobrevive, mesmo que de uma
forma diferente. Por mais vezes que seja importa continuar a abraçar as palavras de
Luís Vaz de Camões,
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
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Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.
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Viva o 25 de
abril.